O Papa Francisco se recusa a viajar em uma "lata de sardinha" - um papamóvel à prova de balas. Apesar da preocupação com sua segurança, o pontífice afirma que na sua idade ele não tem nada a perder.
Papa Francisco em seu repertório: no outro dia ele descartou todas as preocupações relativas à sua segurança pessoal, dizendo que ele não queria mais viajar para a "lata de sardinha" - Papamóvel. Ele quer estar mais perto das pessoas comuns e "nessa idade ele já não tem quase nada a perder".
O pontífice de 77 anos criou uma dor de cabeça para o serviço de segurança do Vaticano ao se recusar a usar um papamóvel de vidro fechado à prova de balas. Já durante sua última viagem à Terra Santa, que incluiu falar em público na Jordânia, Jerusalém e Belém, houve situações que levantaram preocupações sobre a segurança do papa. Problemas semelhantes surgiram em julho passado, quando o pai foi ao Rio de Janeiro por uma semana, onde visitou a favela da Favel e andou em um jipe branco aberto ao longo da praia de Copacabana.
O Papa Francisco, escolhido em março passado, comentou sobre sua decisão: "Sim, algo pode realmente acontecer, mas vamos encarar, na minha idade não tenho quase nada a perder".
"Eu sei o que pode acontecer, mas tudo está nas mãos de Deus", acrescentou ele em entrevista ao jornal La Vanguardia, do Barcelona. "Lembro que no Brasil me ofereceram um Papamóvel fechado, mas não posso cumprimentar as pessoas e dizer a elas que as amo, sentadas em uma lata, mesmo que sejam de vidro. Para mim, é uma parede real."
O papa argentino escolhe carros abertos em oposição ao seu predecessor, Bento XVI, que dirigiu em torno do papamóvel à prova de balas - medida introduzida após a tentativa de assassinato de João Paulo II na Praça de São Pedro em 1981. Ele diz que a decisão histórica de renunciar ao papa Bento 16, em fevereiro, criou um precedente que permitiria a renúncia de futuros pontífices em vez de morrer no cargo, como ocorria em todos os séculos anteriores.
O papa de 87 anos tornou-se o primeiro papa a se demitir voluntariamente da Idade Média. Agora ele vive em um antigo mosteiro fora dos muros da cidade-estado do Vaticano. "Bento fez uma coisa importante", disse o papa Francisco. - "Ele abriu a porta, criou o instituto dos prováveis pais na aposentadoria. Desde então vivemos mais, um dia nos aproximamos da idade em que não podemos mais realizar adequadamente nossos deveres. Eu pretendo fazer o mesmo que ele: peço a Deus para indicar para mim, quando chegar o momento, e me diga o que fazer a seguir. E tenho certeza de que ele vai me ajudar. "